Uma das reuniões mais interessantes do ano de 2012, com certeza foi a degustação das recém-chegadas De Molen. Além de serem ótimas cervejas de uma cervejaria conceituadíssima (todo ano aparece entre as 50 melhores do mundo, no site Ratebeer), são cervejas raras, que mal se encontram nos países europeus. Quase um ano depois, uma invasão de rótulos da cervejaria chega ao Brasil e claro que o Curitiba Beer Club conferiu algumas das mais bem rankeadas.
A regra diz que devemos começar com a cerveja mais leve ou menos marcante, certo? Foi o que fizemos. Começamos com a Rhythm & Blues, uma Barleywine de 10,2% de álcool, maturada em barris de Bourbon. Coincidentemente, a cerveja foi feita para o bar Tørst em Nova Iorque, que pertence a Jeppe Jarnit-Bjergsø da Evil Twin, que foram degustadas na reunião passada. Mesmo sendo uma Barleywine, cerveja tem uma certa leveza, ainda mais se compararmos com a outra Barleywine da cervejaria. O destaque ficou para os aromas da maturação no barril, com notas de baunilha e madeira. O malte também se faz bem presente, trazendo um perfil adocicado e de frutas cristalizadas. Ao fundo, uma sutil citricidade.
Já que eu tinha mencionado mais uma Barleywine da cervejaria, vamos matar a curiosidade. Com 5% a mais do que anterior, a Bommen & Granaten é uma cerveja que tem foco nos maltes. Com uma doçura abundante e boa complexidade de maltes, traz lembranças de caramelo, castanhas, avelã e frutas escuras. Graças a grande carga de malte, seu corpo é muito denso e apesar dos 15.2% de álcool, a sensação alcoólica é muito discreta.
Algo muito comum em cervejarias novas e pequenas, são os diferentes experimentos e entre os mais comuns, a maturação em barris, sejam virgens ou que já serviram para a produção de outra bebida. É o caso da nossa terceira cerveja. A própria Bommen & Granaten é maturada em barris de vinho Bordeaux. Aquela mesma doçura que aparece na versão original, também está presente nessa, e combinou bem com os aromas de vinho, que trouxeram um pouco mais de destaque para romas de frutas vermelhas como cereja, framboesa e morango.
E é na quarta cerveja que começa a ficar mais obscuro o negócio. A Bar & Boos é dita no rótulo como uma Imperial Stout maturada em barril de Bourbon. Quando vertida na taça, mostra-se bem mais clara do que outras do estilo. Os aromas de malte torrado não são tão potentes também, trazendo aromas de chocolate e deixando espaço para aromas de ameixa, framboesa e madeira.
As últimas 3 cervejas são já conhecidas dos confrades, mas também modificadas pelo milagre da maturação em barris. A primeira desta sequência é a Hemel & Aarde, Imperial Stout com uma carga violenta de maltes defumados (principalmente defumados com turfa) e ainda maturada em barril de BOurbon. O resultado foi uma cerveja muito potente no torrado, com o medicinal dos maltes turfados mais arredondados, e com bastante presença de madeira.
A favorita da outra reunião de De Molen também foram o destaque nesta. Aquela deliciosa Imperial Stout, chamada Hel & Verdoemenis tem também versões maturadas em barris. Tem blends de diferentes barris de Bourbons. Traz forte complexidade dos maltes e barril, destacando castanhas, amendoim, madeira, uísque e um pouco de frutas vermelhas. Praticamente perfeita.
A finaleira oficial se deu com a mesma Hel & Verdoemenis maturada em barril de Wild Turkey. E não podia ser melhor. Eleita a melhor da noite, também traz complexidade abundante. Bastante de madeira, baunilha, uísque, chocolate e frutas escuras. Realmente explosiva.
Como a grande a maioria das reuniões, esta também não acabou onde era planejada. O grande confrade Iron Mendes nos brindou com algumas garrafas de Black Ops da Brooklyn. Cerveja rara, mas que dispensa apresentações. Uma delícia de Imperial Stout maturadas em barris de Bourbon.
Para acompanhar, claro que o mestre Ricardo Teruchkin mandou comida de mesma qualidade que as cervejas. A reunião foi regada a carré de cordeiro e queijo brie coberto por geleia de amoras e pistache.
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